domingo, 10 de maio de 2015

justificando ausências

um) um ano se passou desde que a ausência maior aconteceu. ausência gênero, enquanto as outras, espécies.

dois) desisti do curso de direito. voltei para minha cidade. este item também pode ser chamado cais.

três) passei a virada do ano numa comunidade naturista no interior do rio grande do sul. viajei horas para despir-me. quando enfim fiquei nu ao lado de desconhecidos, passei o resto do dia entediado.

quatro) reencontrei-me professor. no final de uma aula à luz de velas sobre barroco, uma aluna mais velha veio até mim, agradeceu, abraçou-me e disse: eu prefiro sentir.

cinco) depressão, que desde sempre me rondara, finalmente me encontrou. já foi embora. 

seis) a última vez que escrevi lista assim tão autocentrada, saiu algo do tipo: chorar faz tão bem ao homem [sic] quanto gritar, escrever ou se masturbar: todas as formas colocam algo de muito valor para fora.

sete) quase me suicidei em fevereiro, durante o processo de escrita do primeiro livro. matei o processo. concluí a obra.

oito) estou lendo mais mulheres agora.

nove) porém, cavalgo a trotes lentos ao lado de cervantes.  

dez) david nascimento, mais um dado daquele intervalo, presenteou-me no aniversário recente. culpem a astrologia por esta tentativa tão taurina de nominar e organizar processos que me escapam. na última vez que fui visto, cores reabitavam aos poucos o fundo preto. 


(este, o presente)