domingo, 17 de agosto de 2014

“A agonia de seu nascimento. Até então nunca vira a coragem. A coragem de ser o outro que se é, a de nascer do próprio parto, e de largar no chão o corpo antigo. E sem lhe terem respondido se valia a pena. ‘Eu’, tentava dizer seu corpo molhado pelas águas. Suas núpcias consigo mesma.”

Clarice Lispector
Conto: A legião estrangeira
Livro: A legião estrangeira

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Os ventos ventam

No último sábado, aconteceu em Pirapora (MG) o II Sarau de Música e Poesia promovido pela AFAP e Clube Literário Tamboril, ambos organizados por artistas da cidade. A intenção é resgatar a cultura barranqueira regional, dar visibilidade aos artistas daqui, além de, claro, apreciar o que foi e é produzido em escala brasileira. Declamei um poema de minha autoria (E a tatuagem no pênis ereto daquela moça de vestido amarelo), que você pode assistir aqui. 

Fotos e reportagem sobre o sarau, aqui. 

Em tempo: simultaneamente, em Montes Claros, está acontecendo um movimento cultural muito parecido com este (o norte de Minas vive!) e, neste sábado (09), acontecerá a II Feira do Mês, também com artistas regionais. Para quem estiver por aqui, vale a pena pousar por lá. Para quem ainda não se convenceu a ir, um segredo, a Fernanda Xavier vai expor suas colagens

É a beleza do sol rachando.

Para incomodar Cecília

“Ovo é coisa que precisa tomar cuidado. Por isso a galinha é o disfarce do ovo. Para que o ovo atravesse os tempos a galinha existe. Mãe é para isso. – O ovo vive foragido por estar sempre adiantado demais para a sua época. – Ovo por enquanto será sempre revolucionário. – Ele vive dentro da galinha para que não o chamem de branco. O ovo é branco mesmo. Mas não pode ser chamado de branco. Não porque isso faça mal a ele, mas as pessoas que chamam a ovo de branco, essas pessoas morrem para a vida. Chamar de branco aquilo que é branco pode destruir a humanidade. Uma vez um homem foi acusado de ser o que ele era, e foi chamado de Aquele Homem. Não tinham mentido: Ele era. Mas até hoje ainda não nos recuperamos, uns após outros. A lei geral para continuarmos vivos: pode-se dizer “um rosto bonito”, mas quem disser “o rosto” morre; por ter esgotado o assunto.”

Conto: O ovo e a galinha
Autora: Clarice Lispector
Livro: A legião estrangeira