quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Divulgando links: André Dahmer



É mais do que valorizar o que se produz nessas terras tupiniquins. É a confirmação de que, sim, temos artistas contemporâneos muito talentosos. André Dahmer é desenhista, cartunista, pinta, escreve e ainda é amigo do Rodrigo Amarante e do Marcelo Camelo. Enfim, o cara é foda.

 De humor fino, sarcástico, politicamente incorreto e, por vezes, filosófico, começou publicando os seus quadrinhos na internet em 2001 e de lá pra cá publicou livros e já é nacionalmente reconhecido, com direito a elogios do Ziraldo. O melhor de tudo é que ainda continua publicando na internet, gratuitamente. Eis os links:

1)      http://malvados.wordpress.com/ : Blog. Cartuns excelentes, notícias, e onde estão a venda os seus outros trabalhos como livros, e até um cinzeiro personalizado com frases do tipo: “Você vai morrer de algo que gosta”.

2)      http://malvados.blogger.com.br/: Blog pessoal, onde é possível acompanhá-lo mais de perto. 

3)      http://www.pintura.com.br/ : Site com gravuras e pinturas do Dahmer. Além de trabalhos alternativos, como uma cruz de cigarros Malboro gigantes.

4)      http://g1.globo.com/pop-arte/fotos/2010/04/tirinhas-rei-emir.html : E o cara também publica no G1. O detalhe é que lá só são publicadas as tirinhas de um de seus personagens, o Rei Emir: tirano, egoísta e de grandes bigodes.

5)      http://www.malvados.com.br/: Site com os “Quadrinhos dos anos 10”: atualizações diárias e muita crítica social. 

O universo Dahmer é diversão e distração de qualidade.

Bom apetite.







 E o Monsueto, meu preferido:

 



quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Putas tristes e uma tarde chuvosa




   Estava com sede de muitas coisas. O teatro no sábado (Deus ou o Diabo, do grupo mineiro Tudo Era uma Vez) denunciou-me o quanto eu carecia de literatura, poesia e afeto. O vestibular arrancou-me tudo isso, e me impôs a geometria, as fórmulas indecoráveis de Física (que eu continuo sem entender) e decorebas que certamente irei esquecer daqui a algum tempo. Concordo que tudo isso tenha a sua relevância, mas prefiro os decassílabos organizados em dois quartetos e dois tercetos. Mesmo que isso não me faça passar no vestibular.

                Tudo que li durante o ano foram reportagens sobre a nojenta corrupção brasileira, críticas de filmes, artigos políticos, matérias sobre meio ambiente e usinas nucleares. Iniciei alguns livros, mas os didáticos não me deixaram terminá-los. Os contos do Bukowski foram escapismos rápidos e eficientes, mas até eles eu deixei de lado. A vida prática é um estupro.

                O meu maior medo é de que todo esse tempo adiando livros e podando prazeres tenha sido em vão, pois se for o caso, a poda continuará.

                Já estou na reta final – o vestibular é na semana que vem – e não estou tão tenso quanto achei que estaria. Talvez porque aceitei que matemática não é pra mim e que eu não vou conseguir mudar isso em uma semana, posso tentar, mas, merda, não vou. Então, permiti-me relaxar um pouco.

                Ontem, motivado por pingos de chuva, li um livro do começo ao fim. Livro pequeno, mas interessantíssimo: Memória de minhas putas tristes, do Gabriel Garcia Márquez. Um clássico. Uma bela história sobre o quanto pode ser renovador envelhecer. Também sobre o amor por uma bela adormecida; sobre putas e sexo triste; sobre um cronista de noventa anos “feio, tímido e anacrônico”, mas que “ainda está no jogo”. Recomendo.



                “Nunca fiz nada diferente de escrever, mas não tenho vocação nem virtude de narrador, ignoro por completo as leis da composição dramática, e se embarquei nessa missão é porque confio na luz do muito que li pela vida afora. Dito às claras e às secas, sou da raça sem méritos nem brilho, que não teria nada a legar aos seus sobreviventes se não fossem os fatos que me proponho a narrar do jeito que conseguir nesta memória do meu grande amor.”

(Memória de minhas putas tristes, Gabriel Garcia Márquez, página 11.)



                Com tudo isso, enchi-me, enfim, de literariedade e de abstrações que preenchem muito mais do que concretudes. A tarde e a noite de ontem compensaram o ano inteiro.

sábado, 8 de outubro de 2011

O luar e a sonata



As mãos graciosas flutuavam pelo piano. O bailar dos dedos finos produziam música. A melodia onírica inundava-lhes os ouvidos, o coração, a alma. Os pés descalços não mais tocavam a cerâmica fria. Voavam.

O homem sentado na poltrona fechara os olhos ao primeiro acorde. Não dormia. Não sonhava. Ouvia. E bastava.

A pianista, de expressão dura, personificava a dor da harmonia. Beethoven era sofrimento. Amargura.

Pela janela aberta, as notas musicais escaparam. Na fuga, encontraram o luar, sem estrelas, sem mar. 

Na cortina negra, a sonata se entregou à cândida esfera: um encontro de belezas infinitas.